Quando a família não apoia o concurseiro
Se já é difícil enfrentar a desgastante jornada de estudos, as contínuas incertezas que afligem o candidato (Vou conseguir? Quando? Não chegou a minha vez ainda?), imagine o quanto pode ser perturbador quando a família, ou algum membro especial da família, não compreende a batalha que está sendo travada.
Porém, toda história tem dois lados... Ou melhor, “trezentos” lados. Impossível alcançar aqui as razões de cada um nos diferentes contextos familiares e “as razões do coração, que a própria razão desconhece”, como disse Blaise Pascal.
A questão relevante aqui, me parece, não é abarcar quão complicada a família de um concurseiro pode ser, mas o que o concurseiro pode fazer para amenizar as tensões em sua família, sem abandonar seu sonho, seu objetivo. Analisaremos algumas ideias centrais na busca de um equilíbrio pessoal e familiar.
NEGOCIAR – Negociar no sentindo de combinar, de entrar num acordo. Seja qual for seu papel na família, quase sempre é possível negociar, de modo que você reserve algum tempo diário para os estudos. Combine formas de satisfazer pelo menos algumas das necessidades importantes da família e cumpra com zelo o combinado. Assim, o respeito mútuo poderá se consolidar. Claro que se você for pai ou mãe, as responsabilidades aumentam. Nesse caso, talvez seja indispensável obter o apoio de pessoas de confiança, não necessariamente pessoas de sua família. Dialogue com calma, esteja aberto a buscar alternativas e diferentes soluções suficientemente boas para todos. Continue procurando soluções, pois às vezes, quando menos espera, o que você precisa ‘vem ao seu encontro’.
BRINCAR DE SER CONCURSEIRO – Não vale à pena – essa é a minha opinião. Se não pretende levar a sério os estudos, não vale à pena ser concurseiro. Por quê? Porque, no mínimo, é perda de tempo e de dinheiro. Além disso, os familiares perceberão o quanto você leva a sério os estudos, e é provável que apoiem e respeitem seu esforço na proporção em que você se empenha. Lembre-se de que sua família também faz sacrifícios para que você possa estudar. Então, se vai estudar, aproveite cada minuto planejado. A sua família, presumivelmente, também será beneficiada com a sua vitória, então o esforço conjunto de todos poderá ser muito recompensador. Todavia, se optar por não ser concurseiro, não há nada de errado nisso, certamente há muitas outras áreas profissionais em que poderá investir. É uma escolha realmente pessoal e só você pode decidir o que quer.
TROCA DE OFENSAS – Evite ao máximo entrar em discussões inúteis, que apenas magoam e alimentam ressentimentos. Se acha que está sendo injustiçado, canalize sua raiva para estudar com mais vontade e determinação. Procure cumprir os acordos que fez anteriormente, mantenha sua palavra. Busque sempre o diálogo como forma de encontrar alternativas e soluções para os problemas que forem surgindo ao longo do caminho. Os estudos podem lhe dar uma vida nova e daí muitos de seus problemas atuais terão desaparecido. Se em casa não há um clima tranquilo, talvez possa cumprir sua agenda de estudos indo para uma biblioteca ou para outro local favorável.
CULTIVAR PAZ CONSIGO MESMO – Escolha alguns minutos do seu dia para relaxar profundamente e também para meditar sobre o que achar importante. Talvez possa desligar a TV mais cedo ou reservar outro momento. Lembre-se que não interessa tanto achar culpados, mas interessa muito tudo que possa lhe ajudar a EVOLUIR como ser humano e como candidato. Elogie seus avanços, mesmo os pequenos. Agradeça pelo que desfruta de bom.
Abordarmos essas sugestões de comportamento no âmbito familiar conflituado, é como tentar ver um raio de sol no meio da tempestade, no sentido de que cada pessoa tem sua personalidade idiossincrática, seu caráter, seus valores, seu modo de agir, sua família única, sua cultura, seu grupo social, etc. Todavia, tenho esperança de que possa ser útil refletir sobre esses aspectos.
Este artigo de forma alguma substitui a ajuda profissional destinada a famílias com dificuldades importantes de relacionamento. Sempre que há sofrimento que se prolonga dentro de casa, é indicado buscar a ajuda de profissionais que são especialistas em ajudar famílias. Buscar essa ajuda é uma experiência que pode ser muito enriquecedora para a família, muitas vezes trazendo de volta a felicidade ao lar.
Para concluirmos, selecionei um vídeo para você curtir. Um videoclipe dos Titãs com a música Família.
Um abraço!
Marta Rolim
coluna.pontopravoce@gmail.com
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Marta Rolim é graduada em psicologia e escritora, tendo publicado contos em mais de dez livros, coletâneas resultantes de premiações em concursos literários e também artigos em jornais. Concurseira como nós, possui várias aprovações, entre elas, 8º lugar para Oficial de Justiça (TJ-RS 2011). Também passou para Analista do TRE-RS 2010.
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